O cristianismo soube, de forma inteligente, reconheça-se, cristianizar as festas pagãs em geral e o S. João em particular. O nome do santo precursor passou, depois disso, a dominar e a proclamar uma festa que no Porto, em Angra do Heroísmo, em Vila Franca do Campo, e em muitas outras vilas e cidades do país, se celebra na noite de 23 para 24 de Junho com desfiles de marchas, arraiais, bailes e bailaricos, onde a sardinha no pão e a sangria não faltam, bem como outros petiscos característicos das festas populares.
O São João é uma festa cíclica, de raiz pagã, que assenta, fundamentalmente em “sortes” amorosas, encantamentos e adivinhações que se relacionam, por um lado, com o casamento, a saúde e a felicidade, mas que andam também estreitamente ligadas aos antigos cultos pagãos do Sol e do fogo e às virtudes das ervas bentas, ao orvalho, às fogueiras, à água dos rios, do mar e das fontes.Como curiosidade, partilho convosco algumas das sortes de São João que conheço:
Põe-se três latas debaixo da cama: uma com flores, outra com água e outra com terra. Ao levantar toca-se numa sem ver. Flores era uma alegria porque quer dizer casamento. Toda a gente queria casar…” Água significa viagem e terra é sinal de morte.
Colocam-se três favas – uma com casca, uma meia descascada e outra nua – debaixo do travesseiro. O objectivo é saber se a pessoa será rica, remediada ou pobre.
Coloca-se um caracol em cima de um pano preto, tapado com uma caixa, a ver que letra há-de fazer durante a noite.
Segura-se uma vela acesa sobre um recipiente com água e espera-se que a cera, ao cair, forme um nome.
Guarda-se um zangão dentro de uma flor de aboboreira e solta-se no dia seguinte, para que indique o lado onde se há-de morar.
Deita-se um ovo num copo com água, reza-se sobre ele o Creio-em-Deus-Pai com uma cruz de alecrim e deixá-lo ao sereno da noite. No dia, seguinte, tenta-se interpretar a mensagem/imagem.
Antes de nascer o sol, corre-se a tomar água das fontes para guardar, a recolher o orvalho que ficou nas plantas para usar como remédio para os olhos ou para as eczemas da pele, a colher plantas para chás, a plantar flores para pegarem mais facilmente ou a carregar de pedras árvore que não dê fruto.
Acima de tudo, as festas sanjoaninas estão associadas hoje a manjericos, a martelinhos e a sardinhadas. Por isso, elegi as sardinhas como atrizes principais desta festa, desta vez já não apenas grelhadas e em cima de pão de milho, mas integradas numa foccacia, ao estilo italiano.
Acompanhei com um copo de vinho Portas da Herdade.

Foccacia de Sardinhas e Azeitonas
Ingredientes
- 175 ml de água
- 1 c. de chá de açucar amarelo
- 1 c. de chá de fermipan
- 50 g de azeite
- 350 g de farinha T65
- 1/2 c. de chá de sal+para finalizar
- 1 c. de chá de orégãos
- Ramos de alecrim
- Azeitonas pretas descaroçadas
- Tomate seco em conserva de azeite e ervas
- 1 lata de sardinha em tomate
Preparação
1. Coloque no copo da bimby a água, o açúcar, o fermento e o azeite e aqueça 2min/37ºC/vel 1.
2. Adicione a farinha e o sal e amasse 1 min/vel espiga.
Retire e coloque dentro de um recipiente untado com azeite e com tampa. Deixe levedar num local morno até dobrar de volume.
3. Pré-aqueça o forno a 200ºC e unte com azeite um tabuleiro ou use uma folha de papel vegetal.
4. Com as mãos untadas com azeite, espalhe a massa pelo fundo do tabuleiro e pressione com a ponta dos dedos.
5. Polvilhe com orégãos e distribua o alecrim as sardinhas, o tomate seco e as azeitonas pela massa. Regue com um fio de azeite e polvilhe com o sal.
6. Faça uns furos na massa, cá e lá, com um pau de espetadas.
7. Leve ao forno cerca de 30 minutos.

Sirva a focaccia de Sardinhas com um copo de vinho da sua eleição.