Já começou a contagem decrescente para o dia de São Valentim, tradição que encontra grande popularidade entre os namorados e os casais mais jovens e apaixonados. No dia catorze de fevereiro é comum a troca de cartões com mensagens românticas e de presentes, tais como as tradicionais caixas de bombons e as rosas vermelhas. São várias as iniciativas, traduzidas em gestos ou objetivadas em presentes, que nos fazem lembrar estereótipos do amor, muitos deles associados à pressão consumista das sociedades contemporâneas. A sugestão que vos trago hoje afasta-se um pouco das tradicionais comemorações de São Valentim, mas comporta bastante simbolismo. A atriz principal é a maçã.
Desde a história da humanidade que a maçã se apresenta como um ícone. A maçã, por sua forma esférica, significaria globalmente os desejos terrestres ou a complacência em relação a esses desejos. A proibição de Deus alertava o homem contra a predominância desses desejos, que o levavam rumo a uma vida carnal e materialista, oposta à vida espiritual. A advertência divina dá a conhecer ao homem as duas direcções e obriga-o a optar entre a via do desejo terrestre e a da espiritualidade. A maçã seria o símbolo desse conhecimento e a colocação de uma necessidade: a da escolha. É também o fruto da Árvore da Vida, quando seguimos as referências bíblicas de Adão e Eva, e o fruto da Árvore do Conhecimento. Repare-se no avanço da ciência com a suposta descoberta da gravidade pelo cientista Newton. Tudo isto devido a uma maçã. Não deixa realmente de ser curioso, por isso a maçã é simbolicamente o caminho dual que tanto leva ao mal como ao bem.
Filosofias à parte, apesar de também saber bem questionar estes simbolismos criados pela humanidade, resolvi este ano integrar as maçãs caramelizadas, que podem constituir a sobremesa de um jantar do dia dos namorados.
Esta sobremesa foi inventada pelo americano William W. Kolb em 1908. Enquanto fazia na sua loja rebuçados de canela para a época natalícia, resolveu mergulhar maças vermelhas na calda e colocou algumas na montra da loja em exposição. Este doce foi de tal forma um sucesso que estas maçãs começaram a estar disponíveis em vários eventos, lojas de doces e épocas festivas. Passaram a estar associadas a festas de outono, como o Halloween e o Guy Fawkes Day, altura em que acontecia a colheita da maçã.
Abaixo encontra-se a receita das maçãs caramelizadas, que contém açúcar invertido. Para quem desconhece este ingrediente, ele consiste num xarope quimicamente produzido a partir do açúcar comum, a sacarose. A inversão do açúcar provoca a quebra da sacarose em dois açúcares que formam a sua molécula: glicose e frutose. O açúcar invertido é usado principalmente no fabrico de rebuçados, doces e gelados, para evitar que o açúcar cristalize e dê ao produto final uma consistência arenosa. Para além de conferir textura adequada aos produtos em que é utilizado como matéria prima, o açúcar invertido também auxilia na formação de cor (escurecimento) e de aroma. Uma substância natural com características semelhantes ao açúcar invertido industrialmente produzido é o mel. As abelhas segregam a enzima invertase, que transforma grande parte da sacarose contida no néctar proveniente dos vegetais em glicose e frutose.
Maçãs do Amor
Ingredientes
- 4 maçãs vermelhas médias
- 300 g de açúcar
- 120 ml de água
- 1 e 1/2 colheres de chá de vinagre de vinho branco
- 1 e 1/2 colheres de chá de canela em pó
- 3 colheres de sopa de xarope de açúcar invertido
Preparação
Lave as maçãs, enxugue-as bem e retire-lhes os caules. Espete paus de espetadas ou de chupa na parte de baixo/ou de cima de cada maçã. Reserve.
Dissolva o açúcar na água e coloque a caçarola sobre lume médio. Deixe cozinhar durante alguns minutos até o açúcar derreter,rodando a caçarola.
Adicione o vinagre de vinho branco, o xarope invertido e a canela e deixe levantar ferver.
Teste o ponto com frequência. Veja o ponto com recurso a um copo com água fria. Coloque uma colher de chá de caramelo na água . Se solidificar imediatamente e se se partir facilmente ao ser retirado da água, o caramelo está pronto. Se ainda estiver macio, continue a cozinhá-lo.
Envolva de imediato as maçãs no caramelo e coloque-as a secar numa travessa forrada com papel vegetal. Deixe-as arrefecer ligeiramente e sirva-as.
(receita adaptada do livro Cozinhar é Divertido)

1º: Maçã na religião. (Adão e Eva no paraíso e a árvore do conhecimento do bem e do mal, macieira).
2º: Maça na mitologia. ( 11º trabalho de Hércules, colher 3 maçãs de ouro do Jardim das Hespérides).
3º: Maçã na idade média. ( O filho de Guilherme Tell foi atado a uma árvore, e a maçã foi colocada na sua cabeça).
4º: Maça na ciência. (a maçã bateu na cabeça de Newton, quando este se encontrava num jardim, sentado por baixo de uma macieira, gravidade. )
5º: Maça na literatura. ( Branca de Neve e os 7 Anões – A rainha, decidiu usar uma maçã enfeitiçada, a maçã engasgou a Branca de Neve).
6º: Maça na medicina. (“An apple a day keeps the doctor away”. / Uma maçã por dia afasta-te do médico).
7º: Maçã na informática. (Apple, o símbolo da empresa, uma maçã já mordida).