-Mãe, daqui a 3 anos já posso ir de boleia com o Tomás para a escola. Ele disse-me que com 18 já pode conduzir!

Esta foi a conclusão à qual a minha filha de 7 anos chegou, no sábado passado, quando o irmão completou 15 anos. O que ela não percebeu ainda é que daqui a três anos o irmão vai para a universidade e ela ainda estará no sexto ano, ou seja, ainda lhe vai faltar toda uma caminhada escolar sem a presença do irmão. Nestas alturas, pomo-nos a pensar na celeridade da vida e no facto das necessárias rotinas diárias nos estarem a preencher tanto os nossos dias. Devíamos abraçar projetos diferentes, viver aventuras constantes, que marcassem o  nosso dia e o dos nossos filhos com cores de marcadores diversos, para além das atividades extracurriculares que eles hoje desenvolvem. Lembro-me que quando estudei no ensino secundário pensava que só começaria a gozar a vida quando terminasse o meu curso universitário (ainda bem que logo no primeiro ano da universidade decidi aproveitar cada segundo disponível para me divertir, inscrevendo-me em inúmeros projetos universitários: futebol feminino, rádio académica, tuna feminina) No meio disto tudo, o curso fez-se. Terminei com boa nota e só me arrependo do que deixei de fazer. Nesta linha de pensamento, tento que o meu filho de 15 anos perceba que cada hora do dia pode ser de novas aprendizagens, de convívio, de descoberta, mas infelizmente reconheço, e falo com muitas mães sobre isto, que os jovens estão cada vez mais passivos, desimportados com o mundo que os rodeia, com os estímulos do exterior, com as atividades ao ar livre. A realidade digital em que vivemos leva-os ao sedentarismo e consequentemente ao comodismo do conforto do lar. O skate e a bicicleta ganham mofo na garagem. A tabela de basquetebol que mandámos fazer encontra-se erguida e solitária no pátio. São jovens que falam pelos cotovelos pelo Skype e pela PlayStation, mas não detêm competências de sociabilização em regime presencial. Não percebem, alguns, que cada inspiração e expiração é preciosa, que é vida em si e não um estado vegetativo. Não percebem que vai haver tempo para se estar parado, inativo, porque o corpo já não obedece como dantes.  Ainda não entendem que a vida implica movimento e sinergia. E isto preocupa-me!

Diapositivo1

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