Com um transmontano em casa é difícil não estar atenta ao que se vai passando por Trás-os-Montes, apesar de reconhecer a dimensão imensa da região atrás referida. A aldeia do meu marido, Gimonde, que pertence a Bragança, é muitas vezes motivo de notícia nos meios de comunicação social, mas especialmente na televisão. As razões são várias: ora para entrevistar o dono do restaurante D. Roberto e conhecer os produtos de charcutaria regional “Bísaro” dos quais se destacam as suas alheiras, salpicões e butelos, ora porque o rio, que é atravessado por uma ponte romana lindíssima, gelou, ora para fotografar os ninhos altaneiros das cegonhas, ora para conhecer o dia-a-dia do último pastor que cruza a aldeia com o seu rebanho tilintante de ovelhas.
Por questões familiares tudo o que diga respeito a esta região nos desperta interesse. Há alguns meses, numa livraria, deparámo-nos com o livro Transmontanices, Causas de Comer, da autoria de Virgílio Gomes e comprámo-lo instintivamente mesmo sem primeiro o folhearmos.

Consiste em um conjunto de crónicas de fácil e empolgante leitura sobre a gastronomia transmontana e a cozinha contemporânea. Um livro onde se faz a apologia da cozinha contemporânea de raízes regionais.
Termina o livro assim:
“Continuarei a escrever, indisciplinado, mas a esforçar-me pelos produtos qualificados transmontanos e por algumas tradições culinárias locais. Para que saltem da região.”
Preparei então este prato imaginando que estava na aldeia. Recorri à simplicidade na escolha e confeção dos ingredientes. Um regresso à essência portanto.
Pezinhos de Porco com Batata a Murro e Couve Salteada
Ingredientes
1 pezinho de porco (podem eliminar a extremidade. Eu utilizo apenas a carne que envolve a barriga da perna)
1 cebola
4 dentes de alho
1 ramo de salsa
1 folha de louro
piri-piri
pimentão doce
sal
água
batata nova
couves
azeite para saltear a couve
Preparação
Numa panela coloca-se o pé de porco cortado às rodelas (já o trago cortado do talho). Coloca-se a cebola cortada grosseiramente, os dentes de alho previamente esmagados com uma faca, o louro, o piri-piri, o pimentão doce, o ramo de salsa e o sal.
Cobre-se com água a carne e deixa-se cozinhar em lume brando.
Quando a carne estiver cozida, retira-e a carne para um recipiente e tapa-se para não secar. Nessa água da cozedura da carne coze-se a couve cortada grosseiramente.
Quando a couve estiver cozida, escorre-se e leva-se a saltear em azeite numa frigideira.
Lavam-se as batatas, sem as descascar, e envolvem-se em sal. Colocam-se num tabuleiro e levam-se ao forno até assarem. Quando estiverem quase prontas, retiram-se do forno, dá-se um murro em cada uma e voltam-se a colocar no forno mais uns minutos.
Serve-se este cozido bem regado com azeite, de preferência transmontano.
Hoje no receitas ao desafio publiquei outra sugestão, também com carne de porco.



Patrícia eu gosto imenso de Trás os Montes tem um encanto especial…
E que cheirinho vai nessa cozinha 🙂 Adorei, a isto chamo “confort food”.
Beijinho
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Um cozido simples mas muito saboroso. Acompanhado com a couve salteada e a batatinha a murro é um verdadeiro regresso às origens.
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Assim é que é. Há que promover as raizes
Fiquei curiosa … qdo passar pela livraria,mesmo sendo alfacinha, vou dar uma olhadela
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É um livro de crónicas de leitura rápida para quem gosta de cozinha e de questionar as modificações que se têm vindo a operar em pratos dantes tradicionais mas que agora foram adaptados ou adulterados à contemporaneidade.
um abraço
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O meu pai passa a vida a dizer-me que temos q ir comer ao Roberto 🙂
Nunca comi pézinhos, não faço ideia se é bom, se gosto, nada… eu cá é mais tripas (por ser do Porto)!
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E sim, têm mesmo de ir comer ao D. Roberto. Não há lá nada que o restaurante sirva que não seja muito bom. E fica mesmo ali, à entrada da aldeia. Se preferirem experimentar a posta sugiro então que vão ao Abel, um restaurante que fica um pouco antes do D. Roberto. Eu não sou nada fã de posta (ou de coisas ensanguentadas) mas segundo o meu marido é paragem obrigatória.
Um abraço
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Adorei a tua sugestão… bem portuguesa!
Vou levá-la comigo 😉
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É uma receita muito fácil de preparar.Tudo feito na hora e tu sabes como ultimamente há pouco tempo para o que quer que seja.
Um abraço
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Apesar de pertencer ao Porto vivo com um pé no Porto e outro em Trás-os-Montes que me acolheu durane alguns anos e no qual fui provando a gastronomia que apesar de ser calórica quanto basta considero das mais ricas de Portugal por tudo o que sai das cozinhas transmontanas ser bem do meu agrado. Pezinhos cá em casa minha mãe faz algumas vezes e adoro, então com as batatainhas e a couve acompanhar nada melhor para uma refeição na companhia de pessoas que gostamos. Fiquei curiosa pelo livro que não conhecia..beijinho
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Aí está uma Portuense fã de Trás-os-Montes! Também gosto imenso do Porto. O meu marido tem tios e primos que vivem uns no Porto e outros em Matosinhos e por norma todos os anos passamos uns dias na capital do Norte que eu adoro, e em especial a genuinidade das pessoas.
um abraço
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Adoro estes pezinhos, é bom promover o que temos de nosso, tão bom. Trás-os -Montes está cheio de comida boa, que me agrada e muito.
Uma refeição de conforto à portuguesa.
Um abraço.
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Por vezes temos a tendência de publicar pratos demasiado elaborados, como se esse facto nos desse mais crédito. Os verdadeiros sabores são a meu ver os que são genuinamente combinados.
Um abraço
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Gosto muito de comida regional portuguesa, há qualquer coisa de reconfortante num prato desses, assim bem composto e bem temperado! Esses pezinhos estão fantásticos, então com as batatinhas a murro e a couve fazem uma refeição maravilhosa! Gostei da receita e gostei do livro, que não conhecia 🙂
Um grande beijinho e obrigada pelas palavras tão cheias de amizade que me deixou 🙂
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Espero sinceramente que a nuvem cinzenta já se tenha afastado.
Um abraço
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a minha família paterna é transmontana e eu apesar de ter nascido no litoral, a uns valentes kilómetros, tenho um bocadinho de transmontana 🙂 todos os anos vamos buscar azeite, azeitonas e deliciar com aquele pão tão característico! não conhecia o livro mas é sem dúvida uma região a divulgar, porque come-se muito bem 🙂
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Como o mundo é pequeno e este Portugalito ainda mais. Apenas quis dizer que conheço o Abel, digamos que a última posta fazia lembrar um naco de carne dos tempos primitivos. Estive 3 anos sem voltar a comer, não conseguia. E, claro também conheço o D.Roberto, os seus enchidos, o rio de Gimonde, o pão, as casas de pedra e o bailarico de Verão. E, conheço a cidade, e outras aldeias mais mas prefiro estar perto do mar, ter o céu como horizonte 🙂
Mas pelos posts lá mais para trás já deu para perceber o carinho pelas gentes da terra 🙂
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