É oficial. Estamos no Carnaval. É difícil passarmos pelas ruas e não vermos as serpentinas de papel espalhadas pelas ruas ou à porta dos locais onde decorrem bailes e assaltos de Carnaval. É raro encontrarmos, pela noite dentro, sociedades e casas de povo com lugares vagos para assistirmos aos bailinhos ou às danças. Aqui na ilha, festeja-se um Carnaval que elege o teatro popular repleto de música e sátira social. Ontem foi a minha segunda ronda noturna a assistir aos bailinhos. Este ano, optei pela Pavilhão de São Carlos, na freguesia de São Pedro, e estou a adorar aquele espaço, as pessoas e o restaurante improvisado também, local onde no intervalo das danças podemos saborear uma suculenta bifana no pão, rodelas de morcela e linguiça acompanhadas com pão de milho, as favas escoadas, salada de polvo, entre outros petiscos. É só escolher, comer e voltar para o salão, esperando que o casaquinho que ficou a marcar o lugar não tenha dado lugar ao traseiro de outra pessoa. É curioso ver que muitas senhoras, especialmente as mais idosas, acampam literalmente no salão de festas. Saem de casa com uma almofadinha, caso o banquinho não disponha bem após várias horas sentadas; trazem um verdadeiro saco à “Sport Billy”, de onde tudo sai e se transforma, desde a batata-frita ao biscoito e ao suminho. Os anos ensinaram-lhes que sair do lugar é um risco, tal é a afluência de pessoas nestes recintos festivos. Tal como acontece durante as festas Sanjoaninas, no dia do desfile de abertura e no dia das marchas, nas sociedades existem também aqueles que vêm munidos de casa com um banquinho para se ajeitar nos corredores laterais bem juntinhos à parede para não interromperem “muito” a passagem. E o que eu adoro mesmo nisto tudo é observar as pessoas que, ano após ano, continuam a manter esta tradição das danças e dos bailinhos. E também gosto de encontrar os meus alunos e ver que há mais vida para além da escola, constatando que são músicos, cantores e até atores de excelência, porque vivem intensamente esta cultura popular que é deles e de quem se lhes quiser juntar nestes dias carnavalescos.
No final da atuação de cada dança ou bailinho, os grupos são brindados com muitas iguarias confecionadas pela organização e por quem quiser contribuir para a mesa. É aqui que o meu salame aparece. Um humilde contributo para adoçar as gargantas de quem nos faz rir neste carnaval tão único.
Ingredientes
- 4 pacotes de bolacha Maria (2oo g cada)
- 500 g de açúcar em pó
- 200 g de leite em pó ( usei Nestlé)
- 125 g de manteiga
- 100 g de cacau
- 5 ovos grandes
- 3 cálices de vinho do Porto
- 300 g de amendoins com sal
Preparação do salame
Trituram-se 400 g de bolacha até ficarem reduzidas a pó.
Trituram-se as restantes 400 g de modo a exibirem pedaços.
Trituram-se ligeiramente os amendoins torrados ( salgados).
Num alguidar, ou marmita grande, misturam-se todos os ingredientes. A manteiga deve ser amolecida previamente para facilitar a agregação do preparado. Para este facto também contribuem os ovos e o vinho do porto.
Esta sobremesa exige bastante de quem a confeciona especialmente pelo esforço implicado na mistura manual de todos os ingredientes até estes ficarem bem aglomerados. O salame está pronto a ser moldado como se entender quando se mostrar como uma unidade.
Tradicionalmente, o salame é moldado com o aspeto de pão de forma e disposto em cima de película aderente, ou de papel de alumínio, previamente untada com vinho do porto e com o comprimento necessário a envolver toda a coroa.
Esta é uma sobremesa que deve ser feita de véspera e guardada no frigorífico.
O salame pode ser congelado após a confeção e retirado umas horas antes de ser consumido. É, por isso, um doce que pode ser confecionado a qualquer altura e guardado até vir a ser necessário.