O icewine, ou o vinho que veio do gelo, é considerado uma obra-prima da vitivinicultura. Um néctar cujo rendimento é tão baixo que uma videira chega a produzir apenas uma garrafa. Por isso, o seu sabor é tão recheado de aromas e, muitas vezes, é bebido como sobremesa ele próprio. Também por isso, é o vinho mais caro do mundo.
O ‘vinho do gelo’ terá surgido de forma acidental na Alemanha no final do século XVIII (entre 1774 e 1794). Conta a estória que o proprietário alemão de uma vinha esteve afastado da vinha em negócios e quando voltou a casa no tempo da colheita as uvas estavam congeladas na vinha. Mesmo assim ele apanhou-as e fez o processamento normal, dando origem ao que chamou o vinho de Inverno. Foi um acidente feliz.
O eiswein manteve-se durante muito tempo um segredo alemão, sendo consumido principalmente no país. Só na década de 1960 é que a produção se começou a espalhar por toda a Europa.
No Canadá, um imigrante alemão Walter Hainle terá produzido o primeiro ice wine também ‘sem querer’ e depois em 1984 a Inniskillin lançou o primeiro icewine com intenção comercial.
Globalmente, o ice wine tem de ser produzido a partir de uvas que foram deixadas na videira muito para além da época normal, congelando devido às baixas temperaturas que se fazem sentir no Inverno nessas regiões. Os açúcares e outros sólidos dissolvidos não congelam, mas a água sim, permitindo um mosto mais concentrado já que é prensado a partir das uvas ainda congeladas. Os cristais de água ficam na prensa resultando numa menor quantidade de vinho mas mais concentrado, muito doce e com elevada acidez. No ice wine o congelamento acontece assim antes da fermentação e não depois.
A vindima do ice wine é feita normalmente em Dezembro e até Janeiro (mas não pode iniciar-se antes de 15 de Novembro) colhendo-se manualmente as uvas congeladas e que deverão ser prensadas num processo contínuo sempre a temperaturas de -8° Celsius ou menores. Por isso, a vindima é feita muitas vezes durante a noite para garantir a temperatura necessária, que anda normalmente entre os -10° e os -13° Celsius para se conseguir o açúcar e sabor ideais.
A garrafa de ice wine foi trazida do Canadá, numa das nossas viagens a este país, que ainda tem tanto para nos mostrar. Ter tido a oportunidade de visitar uma das quintas que produz estas vinhas e de ter comprado a garrafa diretamente ao produtor foi um dos pontos altos altos da viagem.
Resolvi servir este vinho precioso em copos de gelo, recorrendo para isso a uma forma de silicone. Os nossos amigos adoraram a ideia e sentiram-se privilegiados por terem tido a oportunidade de degustar este néctar raro. Este é daqueles vinhos que só devem ser servidos a pessoas muito especiais.
Nunca tinha ouvido falar! Adorei saber!
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Tenho uma garrafa deste vinho que me trouxeram do Canadá há uns anos mas ainda não tive coragem de a abrir porque veio numa embalagem lindíssima 🙂 Está na hora de o experimentar.
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Há produtores desse tipo de vinho no Alentejo e no Douro. De facto, embora haja castas mais apropriadas que outras para esse tipo de vinho, o método é deixar as uvas nas videiras até meados do Inverno de forma a congelarem e depois proceder da forma como a vizinha muito bem explicou.
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