Algumas pessoas que seguem o blogue perguntam-me se os pratos que confeciono são apresentados a pensar na reportagem fotográfica. Claro que são. Mas também lhes explico que as loiças que utilizo nas fotos são de facto as que de seguida vão para a mesa do almoço ou do jantar, conforme seja o caso. Quanto menos loiça se sujar tanto melhor. Confesso que esta atividade de foodblogger fez desenvolver em mim o vício da compra de props, de todas as cores e feitios, recentes e ou com muitas histórias para contar, como as loiças que compro nas lojas de segunda-mão. Relativamente aos atoalhados, aos talheres e às peças decorativas que utilizo nas fotos, estes nem sempre são manipulados diariamente e encontram-se nos armários com gavetas e prateleiras apenas destinados à composição fotográfica. Para além disso, raramente se tornam práticos à mesa, especialmente quando dela fazem parte um adolescente com dificuldades em gerir o espaço e uma criança com “bicho-carpinteiro”.
Acho que chegou a hora de desmistificar algumas ideias sobre a composição das fotos:
a) as bases onde fotografo não são as nossas mesas, salvo raras exceções (foram expressamente criadas ou recuperadas para o efeito);
b) não possuo um estúdio de fotografia em casa (apenas utilizo luz natural e tento tirar partido dela durante a exposição dos pratos à mesma);
c) não possuo uma máquina fotográfica topo de gama (fotografo com uma Canon EOS 700D e com a respetiva lente de 18mm/55mm);
d) nem todas as receitas que faço dão certo (na minha cozinha acontecem alguns desastres culinários, como em tantas outras, presumo);
e) não faço comida especial e fantástica todos os dias (muitas vezes, nas marmitas encontram-se almondegas com esparguete e salada de atum, o que causa por vezes indignação ao dono da marmita ao lado);
f) nem sempre o pessoal de casa gosta das minhas receitas (gosto de experimentar combinações e temperos diferentes e nem sempre tenho palatos recetivos à estranheza e à novidade);
g) existem vozes descontentes (especialmente quando acontece algum atraso na sessão fotográfica e se encontram três esfomeados à mesa)
h) 90% das vezes fotografo com a comida já fria (o fumo do calor embacia a lente, a menos que se queira o efeito da fumaça, bastante difícil de se conseguir sem se proceder à utilização de layers). Algumas vezes, preparo previamente o prato para a foto e o restante já está em cima da mesa, para que seja apreciado quentinho.
i) Não demoro uma eternidade na reportagem fotográfica, mas raramente tiro menos de 15 fotos a cada prato (normalmente, para evitar alguma perda de tempo, costumo, à medida que vou confecionando o prato, ir pensando na forma como o vou apresentar: loiça, talheres, atoalhados, peças decorativas, fundos, bases, flores, ervas aromáticas, etc. Vou compondo mentalmente todo o cenário que pretendo transmitir e, confesso, esta parte de food styling é mesmo o que mais prazer me dá neste hobby de foodblogger que abraço há 6 anos);
j) Não perco quase tempo nenhum com a edição das fotos. Um toque na luminosidade e no contraste acaba por ser o que faço na maior parte das vezes, por falta de tempo (tenho imensa pena que assim seja, já que com tempo e com o Lightroom, ou com outro programa de edição, poderia enriquecer as fotos).
Este carré de borrego, a receita de hoje, teve de ser submetido a disparos muito rápidos, porque tinha de ser saboreado de imediato, daí eu estar um pouco descontente com as fotos. Contudo, garanto-vos que de sabor estava DELICIOSO!
Confissões e truques de amadora à parte, gostaria ainda de vos dizer que as travessas das fotos acima têm a assinatura DeBORLA e simplesmente não as dispenso porque as acho lindas.
Carré de borrego com sabores indianos e com laranja
Ingredientes para o Carré de borrego
- 1 carré de borrego
- azeite q.b.
- 4 dentes de alho
- 2 colheres de sopa de caril
- 2 laranjas (sumo)
- 1 malagueta
- folhas de hortelã-pimenta
- paus de canela
- pimenta rosa
- sal q.b.
Preparação
- Tempere a carne sal, com azeite, os dentes de alho picados, o caril, o sumo das laranjas, a malagueta picada, a pimenta rosa, as folhas de hortelã-pimenta e os paus de canela. Misture bem. Deixe marinar cerca de meia hora.
- Sele todos os lados da carne numa frigideira.
- Leve a carne ao forno, pré-aquecido a 180 ºC, durante 15 minutos.
- Sirva com laranja cortada em gomos ou fatiada.
- Acompanhe com as batatas da receita abaixo.
Ingredientes para as Batatas Assadas com Chili e Ervas Aromáticas
- 1 quilo de batata vermelha (para assar)
- 2 colheres de sopa de azeite
- alho em pó
- sal
- manjericão e tomilho fresco
- flocos de chili
Preparação na Actifry
- Lave as batatas muito bem, limpando-as com um esfregão para retirar sujidade da pele.
- Corte cada batata no sentido do comprimento por duas vezes até formar 4 partes iguais (ver foto).
- Disponha as batatas na cuba da Actifry, tempere com sal, alho em pó, manjericão, tomilho e com flocos de chili.
- Marcar 15 minutos.
Servir de imediato.
Adorei ler este teu post e faço quase todas das tuas palavras as minhas! Agora com o meu bebé então ainda levo menos a sério a parte da fotografia. Um beijo e tenho em casa um senhor que refila sempre de comer a comida toda fria 😊
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Patrícia,
Identifiquei-me totalmente com este teu post, pois embora as minhas fotos estejam a kms de distância de serem lindas como as tuas, deparo-me com todos esses momentos que descreveste, inclusive, os refilanços e os “hã… não gosto disto… estás sempre a inventar…”.
Isto de ser foodie e food blogger é difícil, especialmente com família e já conclui que só quem não tem família, ou tem empregadas em casa, é que consegue ter o tempo e a disponibilidade necessária ao food styling e às fotos de capa de revista e pior… por aqui, o tempo quase nunca ajuda, pois a luz é escassa 80% do ano.
Um beijinho,
Lia
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Gostei de ler as confissões… que em nada beliscam o encanto do seu trabalho! Creio que os leitores apreciam saber que os bloggers são “gente comá gente”, que de vez em quando cozinham pequenos desastres. Continuação de bom trabalho!
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Olá Fedra. Obrigada pela visita. beijinhos
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