Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.
Rui Zink, in “Jornal Metro”
Quase sempre são as mulheres a alma da casa, as líders da cozinha e as perpetuadoras das receitas de família. A elas, avós, mães e tias, estão associados pratos de conforto.
Este arroz de grelos, tomate e cenoura transporta-me até junto das mulheres da minha infância.
Ingredientes para 4 pessoas
500 g de grelos
1dl de azeite
meia cebola média
1 cenoura pequena
1 dente de alho
3,5 chávenas de água a ferver
1 chávena de arroz
uma pitade de açaflor
sal
Preparação
1. Lavam-se os grelos.Reservam-se.
2. Faz-se um refogado com meia cebola e 1 dente de alho.
3. Adiciona-se um tomate maduro pelado e partido aos pedacinhos.
4. Adiciona-se a cenoura raspada e os grelos. Acrescenta-se mais um pouco de azeite e salteiam-se os legumes mexendo com uma colher de pau.
5. Junta-se o arroz, envolvendo-os com os legumes.
6. Adicionam-se três chávenas e meia de água a ferver.
7. Tempera-se com sal e com uma pitada de açaflor.
8. Envolve-se tudo novamente com a colher de pau.
Deixei levantar fervura. Mexi com a colher de pau. Tapei o tacho e deixei cozinhar em lume baixo até a água se evaporar e os grelos se apresentarem cozidos.
hmmmmm, que arroz saboroso. Tomate e grelos pedem umas petingas fritas, ou até mesmo jaquinzinhos! Agora fiquei cheia de fome. Feliz dia para a mulher que tão bem conduz este blogue 🙂
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Das tuas e das minhas… e há quanto tempo 🙂
Um excelente texto o do Rui Zink, com o qual só posso concordar, hihihi
Para ti, um abraço e um bom dia.
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um arroz doce em memórias e punjente de sabores…
Feliz dia da mulher. Não apenas hoje, mas todos.
beijinhos
http://fabricocaseiro.blogspot.com/2013/03/cupcakes-de-tangerina-com-chantilly-de.html
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Achei imensa piada ao texto e até o partilhei na minha página do facebook.
Esse arroz também me trouxe lembranças 🙂 das minhas avós, mulheres tão fortes e fantásticas. Tenho-as para sempre na minha memória e no meu coração!!!
Além disso deu-me uma vontade enorme de o comer , acho que vou fazer amanhã com uns panados ou uns filetes de sardinha.
bjnhs
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Patricia…
Tão bom, tão delicioso… esse arroz também me traz os cozinhados da Mãe à memória, apenas ela não colocava a cenoura… 🙂
Gosto tanto das memórias em forma de pratos reconfortantes e que nos trazem saudade e lágrima no cantinho do olho por tempos que não mais voltarão.
O teu arroz que está com um aspecto maravilhoso trouxe-me saudade, um sentimento que não é de todo mau !
O texto está excelente, verdadeiro na sua essência, a visão dos Homens sobre as Mulheres é de facto muito engraçada ! 😉
Beijinho querida,
Isabel
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Obrigada pelas tuas palavras. Também sinceras!
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Acho que já fiz asneira no comentario que deixei no outro post!! Peço desculpa!! Acho que desta acertei com a caixa de comentario!! Já tinha lido esta definção do Zink, e adorei!! Tirando a parte do maldosas e calculistas…. Enfim… Mas o que foi mto bem calculado foi este arrozinho!! Daquelas receitas das Mamãs que deixam saudades, a mim pelo menos!!
Adorei!!
Beijinhos,
Mena.
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“Este arroz de grelos … transporta-me até junto das mulheres”
i see what u did there
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