Sexta-feira, ao serão, começaram os bailinhos de carnaval. Estes animarão, até terça-feira à meia noite, todos os que se dirigirem aos salões culturais e às casas de povo da ilha Terceira. Apesar da crise e das dificuldades económicas da generalidade das famílias, a tradição falou novamente mais alto e reorganizaram-se listas de prioridades nos agregados familiares. A diversão passou então agora para o top de coisas a fazer. Nestes dias ouvimos o povo, as suas angústias, as suas críticas, em pequenos teatros de comédia abrilhantados por músicos vestidos a preceito, como manda o colorido desta tradição terceirense.
Ontem, sábado, as sociedades, outro tempo utilizado para referir os espaços com palco que recebem as danças, abriram as portas às três da tarde. Seguiu-se uma maratona de bailinhos até às três da manhã. Eu, pouco antes da meia-noite voltei a casa, não fosse quebrar-se o feitiço. Foi uma noite de gargalhada solta intercalada com uma bifana, uma donete e uns amendoins, comprados na tasca do Grupo de Dança Regional Terceirense. A destacar de todas as que vi, o bailinho do Posto Santo e um da Terra-Chã, ensaiado pela atriz de teatro local, Eduarda Reis. O humor erudito e brejeiro no seu melhor. Voltarei hoje ao centro social e cultural de S. Bento, sem dúvida.
Ontem, antes do almoço, e como já vem sendo tradição na minha família no sábado de carnaval, reuni-me com a minha mãe e, juntas, arregaçámos mangas e engeirámo-nos* a fazer coscorões, um dos doces tradicionais do Carnaval açoriano.
esta palavra não existe no dicionário português, mas significa por aqui "por as mãos-à-obra"
Ingredientes
500 g de farinha tipo 65
220 ml de leite
1 ovo
1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de açúcar
1 colher de chá de fermento Royal
1 colher de chá se sal de mesa
óleo de fritura
açúcar e canela para polvilhar
Modo de preparação Tradicional
1. Colocam-se todos os ingredientes secos num alguidar. Adicionam-se o ovo e o leite aos poucos amassando sempre até a massa ficar com os ingredientes bem incorporados.
2. Deixa-se repousar entre 30 minutos a 1 hora.
3. Numa superfície enfarinhada, estende-se a massa com um rolo até ficar com a altura de um centímetro.
4. Com uma faca, cortam-se quadrados de massa que se esticam novamente com o rolo, um a um, até ficarem muito finos e com uma consistência elástica.
5. Reservam-se estes quadrados espalhados numa tolha de mesa, ligeiramente afastados uns dos outros.
6. Verte-se óleo de fritura para um tacho largo e baixo até se atingir cerca de três dedos de altura.
7. Deixa-se que o óleo aqueça bastante.
8. Ao trazer cada quadrado da tolha para a fritura deve-se puxar a massa com os dedos do centro para os extremos, tentando que fique com a mesma espessura em todos os lados. Este é um dos passos mais importantes, para se evitar que o coscorão fique encaroçado. O que se pretende é uma massa uniformemente estaladiça.
9. Fritam-se os quadrados de massa de um lado e de outro.
No início da fritura a massa tende a empolar, criando bolhas de ar, pelo que se deve comprimir com um garfo grande o centro empolado para que desapareça e frite por igual. Verificarão que ao termos este procedimento a massa se estende aumentando de dimensão e tornando o coscorão mais plano e uniforme.
10. Colocam-se a escorrer na vertical.
11. Polvilham-se com uma mistura de açúcar e canela.
Esta é uma receita que deve ser feita por duas pessoas uma vez que os coscorões fritam muito depressa. Retirá-los da toalha, esticá-los, fritá-los e polvilhá-los são atividades que exigem quatro braços.
Se não conseguir quem ajude, há a possibilidade de os fazer sem ser em trabalho de equipa. Sendo assim, sugiro que frite um coscorão de cada vez para dar tempo de o por a escorrer e de esticar o próximo a entrar na fritura. Enquanto este frita, polvilhamos o outro que escorre. Limpamos as mãos, voltamos o coscorão para fritar a outra face e assim sucessivamente. Esta operação a solo revela-se mais trabalhosa, mas é igualmente compensadora.
Abro então uma exceção para os fritos, já que são dias de festa.
Esta receita rende duas travessas de coscorões.
ohhhhhhh those look fantastic !..fiz ontem…mas não correu bem…acho que levou fermento a mais !!..hoje vou tentar de novo !! bom carnaval para ti….your blog looks lovely !
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You must try again. This is my family’s recipe. There are many ways of doing coscorões. I look forward to seeing your recipe.
bjs
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Por cá não temos nenhuma tradição de carnaval. Aliás, à semelhança do que me aconteceu ano passado, este ano voltei a não ter tolerância na terça-feira gorda. E não, não sou funcionária pública 😦
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Ainda ontem recebi uma travessa de coscorões. Foi a tia do D. que nos deu. Nunca me atrevi a fazê-los, mas gosto muito 😉
Ontem também fui ver bailinhos. Estive até às 4:30h da manhã e destaco, pela positiva, o bailinho “Branca de Neve” das Doze Ribeiras (espetacular: não só o enredo como a música e as vozes), o do Ramo Grande (que faço questão de ver todos os Carnavais) e um das Lajes (comemorar o dia das amigas em casa).
O meu filho portou-se lindamente e veio para casa pelo seu próprio pé! Já é um menino grande de 5 anos 😉
Um beijinho e continuação de bom carnaval.
Maria
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Que apetitosos ficaram!!
Beijinhos e resto de excelente Domingo,
Lia.
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Ficaram perfeitos…
Obrigado por partilhares…
Beijinhos e boa semana…
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Gostei muito do seu blog. Melhor que uma boa receita, é uma receita bem contada. As suas são deliciosas, parabéns. Vou passar a acompanhá-las.
Lina
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Confesso que não sou adepta da folia de Carnaval. Nem em miúda gostava… e por isso desconheço as tradições associadas, incluindo as gastronómicas. Aqui por casa não se fazia nem faz nenhum prato ou doce associado. Por acaso ontem à noite fiz feijoada. Mas foi ontem, e pelos vistos devia ter sido hoje ao almoço…. Esteve quase 😉
Babette
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